Eu, como muitas das escritoras que pessoalmente conheço, quero urgentemente escrever sobre o que vejo. Escrever sobre o que sinto, sobre o que imagino que poderia ser. Sobre as coisas que me interpelam e as que, inocente, acredito inventar. Sobre as repetições, também. Sobre os desacatos, os casos, as frustrações. Sobre o medo. Este em especial. Quero escrever como se toda minha existência dependesse disso. Mesmo quando me desloco, crio universos, personagens, mundos inteiros, é na tentativa de colocar o que vejo em palavras, em metáforas, em imagens. Sobretudo, o que mais me encanta neste jogo, que me é quase inevitável, é a maneira como as nossas palavras ecoam. Mais encantador ainda é observar o efeito dessas palavras em outras pessoas, em pessoas completamente diferentes, que veem, sentem, imaginam coisas diferentes; mas que, de alguma maneira muito curiosa e delicada, acabam se conectando com essas palavras. É como uma ironia. Somos são complexos, cada um com seus trejeitos e manias (é certo que alguns são mais parecidos entre si do que outros), mas de alguma maneira algo quase que exterior a nós nos motiva a encontrar no que o outro sente ou vê qualquer coisa em comum. 

Não é sempre, mas há momentos em que a existência se mostra a mim como algo a se admirar.

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