Desde que você se foi, tudo mudou. Estranho dizer isso, porque sempre falei que a morte é só mais um passo, nada mais. E pra você foi, certamente. Eu é que fiquei. Primeiro eu morri um pouco junto. A dor tomou completamente a minha carne que costumava ser toda carnaval. Eu chorei, mas isso foi o mínimo. Impossível não sofrer com a sua ida. Acho que por isso resolvi ir também. Fui embora querendo ficar, mas só ficaria se você voltasse. Então fui. Depois, eu senti. Você, indo, me lembrou que o corpo é a única coisa que eu tenho, mas que também não é nada demais. Nada demais, como tudo. Fragile. Então o pouco que me restou de sagrado se desfez. Coloquei meu corpo no mundo, não como quem finge. Eu realmente estava lá (ainda estou). Queria sentir qualquer coisa que não fosse saudade. Você teria se orgulhado de tudo o que a pele me fez sentir quando estava lá. E riríamos juntos da minha audácia. Mais tarde tive medo. Medo de que não sentisse mais nada que não fosse o que a pele me dava. Então decidi amar qualquer pessoa que me aparecesse. Mas não é a mesma coisa, você sabe. Você me entenderia e ficaríamos contemplando a existência enquanto nos perguntaríamos o que é o amor. Amei amores tão vazios que secaram rápido. Quis me abrigar em qualquer canto e tem sido assim desde então. Não encontrei lugar como o que havia em você. E sei que não encontrarei. Por isso, volta e meia choro. Ficar dói mais do que partir, nesse caso.

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