Futuro da Humanidade I

30 de janeiro de 2065

A fascinação por números, lembrou-me de olhar a hora. Ainda que eu não tivesse um relógio, saberia que era momento de encontra-me. Não sei, porém, o complemento da frase anterior, mas alegria é sempre bem-vinda e meus anseios não passam de um clichê por liberdade e fraternidade ou paz e amor.
Quatorze horas, vinte e três minutos e dez segundos, onze segundos, doze segundos. A velocidade do tempo me embrulha o estômago. Há um espelho olhando meu corpo desnudo. Observo a vil matéria de que sou feita: carne, cor, luz. Penso, logo existo.
Braços finos, perfurados por um calmante, um relaxante. Droga. Pêlos que me lembram da origem, dos macacos. Minha íris e meu cabelo arrancam-me lágrimas. Eu me senti idêntica a minha mãe. Esta que vôou para os jardins suspensos. Maneira poética de dizer que seu antigo namorado a encheu de porrada até vê-la sangrar a alma.
Eu nunca quis usar drogas, nunca pensei em fazer essas coisas. Mas se os astros fizeram questão de me tirar o fôlego, vivo como zumbi. Vagando, vagando. Tentando me achar. Por que eu nunca disse a ninguém? Porque é o meu remédio, minha salvação. Fujo para um universo paralelo, em busca de felicidade e a encontro, pois nesse inferno não há mais luz.
Depois escrevo mais sobre o futuro da humanidade. Até, quem sabe, amanhã.

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